Júlia na banheira que o Tede, Dandara, Delucia e Yasser compraram em Campinas quando estavamos passeando pelo bairro antigo e barulhento. O primeiro banho em casa foi assim: sem choro. Incrível. Mas verdade. Julia não se irritou. Mas dei sorte, pois em alguns dias foi um chorare total...Depende do humor dela.

Júlia dormindo parece um anjinho. E parece ser mesmo. Rezo a Deus para que todos tenham filhos tranquilos assim. As tradicionais cólicas ainda são ocasionais. E para quem se aventurar na maternidade indico erva doce nessas horas. A compressa de água quente também faz efeito.  

Logo depois de chegar em casa, após a maratona da maternidade, a Júlia assumiu o papel de filhota. Sua profissão: mamar. Basicamente, a natureza foi mais uma vez bastante sábia. Como ela não pode se defender, ao contrário de muitos filhotes que já nascem mostrando as garras, sobra trabalho pra mim. Eu é que vou a caça e arranjo leite pra ela. Tudo depende da mãe. Até os primeiros movimentos voluntários da mão, nem de muriçoca ela se defende. Taí a importância biológica da mãe. Dizem que nos séculos futuros, com o desenvolvimento tecnológico, os bebês já vão nascer resmugando: "Êi, me dá um cobertor e milkshake! E pra já...".  

Vovô Didi e vó Josefina corujam Júlia antes dela dormir. Nestes dias, a vida tem sido isso: colocar a Júlia para dormir, arrotar, dar dois banhos, trocar as fraldas seis vezes ao dia. Ela mama de três em três horas. Dorme e acorda para mamar.  

Foi rápido...

A Júlia chegou bem. Estou bem. E agradeço a torcida por mim e por ela. Muita gente ligou. Muita gente veio me visitar na maternidade Amparo, aqui do lado do Vaca Brava. E senti uma sensação boa por conta das minhas amigas - as que estão aqui e as que moram longe. Espero que quem está longe - de Palmas a Europa, passando pela América, Bahia e Mato Grosso do Sul - goste da nossa Júlia.
Ontem, na madrugada, ela, que nasceu no dia do aniversário do meu irmão(Ulisses), já estava falando (modo de dizer, né?) com a tia dela, a Sara, na Califórnia. A América escutou ecoar os gritos de Júlia, que se mostra "gordinha e brava", como descreveu o doutor Waldemar. Estou louca para ver o vídeo que o Welliton gravou, acompanhando toda a operação. Acho que ele está mesmo no lugar errado, pois adorou ver tudo, a anestesia, os cortes, o nascimento, etc. Digamos que ele gosta mais de lidar com o sangue do que com a textura do papel jornal. Fazer o que? Doido pra tudo.
A Julia já conversou com Manuelito, Sophia e Manuel. O Paulo ligou. Tia Sônia esteve aqui. O Ulisses, a Carol, Aline, todos me ampararam minutos após a césarea. Agora, minha mãe troca as fraldas e seu Didi está engasgado de felicidades. Foi bom. E estamos prontas para outra.
Estou torcendo agora para minha amiga Cris, que conheci no blog. Ela vai ter nenem por esses dias. Sorte dela é que mora na Noruega, sem esse calorão dos trópicos. Sorte, Cris...
Chegando em casa, escrevo mais...

Um anjo que caiu do céu

A seguir um texto da Vânia Lourenço publicado no Diário da Manhã na sexta-feira, 8 de abril, antes da garota nascer. A Vânia, que é uma gracinha de pessoa, acertou a antecipação. O texto foi uma boa vinda para a Julinha, que teve toda torcida numa vérpera de decisão de campeonato goiano entre Goiás e Vila.
Eis o texto:

Um anjo que caiu do céu

Vânia Lourenço

Trocar figurinhas com mulheres é algo bem corriqueiro, mas, com os homens, é uma emoção diferente, porque penetramos em um universo complexo. Aqui no Diário da Manhã converso com Reale Pallazzo sobre culinária. Ele, com certeza, se não fosse jornalista, seria um chef de cozinha. Expert na arte de fazer alimentos em conserva, fez da pimenta a sua especialidade. Cristina Xavier, também jornalista e casada com Reale, fala que em sua casa não há mais espaço para tantas conservas de pimenta, mas fazer o quê?
Tem um outro jornalista muito especial, Welliton Carlos, que sempre se interessou a assuntos referentes às minhas filhas e acompanhou momentos especiais na vida delas. Fez entrevistas com a Fernanda Cristina sobre matemática e ainda deu dicas para Amanda Carolline como vestibulanda.

Sempre torci para que ele fosse pai logo, pois entendia que ele estava bem amadurecido para a paternidade.
Ele viveu a frustração de ver seus sonhos irem por água abaixo com alguns abortos de sua mulher, a também jornalista e repórter de televisão Dalvina. Sabedora da sua fragilidade emocional, nunca toquei neste assunto. A verdade é que torcia e rezava para que o sonho de Dalvina e Welliton se realizasse.
Então pedi a algumas amigas e a minha mãe para que orassem para Deus abençoar a vida deles com uma criança. Ah!, quanta emoção! Dalvina está grávida de Júlia.
Júlia é esperada com muito amor. Uma coisa temos certeza: ela vai ter um QI acima da média. Vai gostar de arte e devorar obras inteiras de Monteiro Lobato, Ruth Rocha, Maria Clara Machado e, ainda precoce, vai descobrir Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, José J. Veiga, Bernardo Élis e por aí afora. <>
Não importa se ela vai ter a carinha do Welliton ou da Dalvina, interessa é que ela é um anjo que caiu do céu para fazer seus pais sorrirem e chorarem de felicidade só pelo fato de ela existir.
Até vejo Dalvina e Welliton bobos de emoção quando a filha chegar. Agora, Júlia, só lhe digo uma coisa: não vai ser fácil ter um pai tão intelectual como o seu. Não conversei ainda com ele a este respeito, mas acho que na sua casa já tem uma coleção de livrinhos de histórias e discos de música clássica de Milton Nascimento, Chico Buarque e muito rock – pra variar – à sua espera.
Calma, Júlia, os pais são assim mesmo. Isso não tem cura, graças a Deus, pois de um modo geral quase todos embobecem com os filhos e os seus só estão seguindo a regra. O seu, além da licença-paternidade, reservou alguns dias de suas férias só para admirá-la e curtir seus primeiros dias de vida. Isso não é fantástico? <>
Júlia, antes o seu pai me ouvia falar sobre minhas filhas. Agora ele vai virar autoridade no assunto e ainda vou ouvi-lo dizer muitas coisas sobre você. Não duvide se um dia você virar letra de uma canção ou título de livro. Caso isso não se materialize, no coração de Welliton e Dalvina você será sempre a inspiração de obras imaginárias ou reais. Uma garota tão amada como você é mais um anjo que veio para alegrar essa vida terrena.
Amada Júlia, você faz a festa da tia Sara, que mora nos Estados Unidos, e do tio Ted Silva, outro jornalista e bobo de carteirinha pela chegada da sobrinha.
Eu, seu titio jornalista aqui do Diário da Manhã, Ulisses Aesse, Carol, a torcida do Vila Nova e Goiás, centenas de amigos e familiares de ambas as partes estamos torcendo para que você venha com muita saúde para enfrentar a maratona da vida. Um beijo! Nos veremos em breve...

Vânia Lourenço escreve todas as sextas-feiras neste espaço: vanialourenco@dm.com.br

O pai bobo saiu correndo para arrumar as últimas coisas no quarto de Júlia.

Oito horas depois do nascimento, Júlia dorme. Acorda muito, choraminga e se aquieta quando escuta alguma cantiga. Abriu os olhos, mas só para a câmera de vídeo. O flash enerva a garota, que se ficar famosa e rica tipo Paris Hilton ou Nicole Kidman vai pedir: "Por gentileza, façam fotos, mas sem flashs. É que irrita meus olhinhos".

Mãe e filha na madrugada de sexta-feira. Júlia mamou, se irritou com o ar condicionado e pediu luvinhas.

A Julinha nasceu uma semana e meia antes do dia pré-determinado. Por isso deve ter chegado um pouco nervosinha. Em seu primeiro banho, para tirar o vernix caseoso, então, foi um Deus nos acuda. Julia fez o que o Liminha, psicólogo e jornalista amigo da família, bem lembrou de "primal scream". Foi como se ela gritasse a música do John Lennon: MOOOOOOOOOOOOOOTHER, YOU HAD ME...John, na época que escreveu essa música, se tratava com gritos primais propostos por uma equipe de psicólogos do grito. Júlia não precisa do tratamento, já chega berrando. E sem tapa no bumbum.

A última foto da barrigona da Júlia. Faltam 25 minutos para começar...Doutor Waldemar já estava chegando. E eu só faltava trocar de roupa e deitar na maca...

Vai começar.............Poucos minutos antes de entrar no quarto e da cirurgia. O avô Didi e a vó Josefina com aquela cara de preocupação...